O ano de 2020 vem sendo bastante atípico para a economia mundial. O efeito das medidas sanitárias implantadas para frear a disseminação do novo coronavírus é evidente, embora ainda seja difícil de estimá-lo com precisão. Muitas empresas se reinventaram, outras buscaram caminhos alternativos, enquanto algumas, infelizmente, correm o risco de não se recuperar.
Para o varejo on-line, no entanto, o isolamento social e a consequente mudança de comportamento dos consumidores trouxeram resultados positivos. De acordo com o Compre & Confie, o faturamento do e-commerce brasileiro foi de R$ 9,4 bilhões somente no mês de abril. O valor representa um crescimento de 81% comparado ao mesmo período do ano passado.
Podemos dizer, portanto, que a pandemia apressou o que já vinha se tornando tendência no comércio. Em um curto intervalo de tempo, muitos negócios se viram forçados a acelerar a transição do físico para o virtual, indo ao encontro da facilidade e segurança esperadas pelo público neste momento tão delicado.
Mas assim como a oferta de lojas virtuais, o nível de exigência de quem compra pela internet também está aumentando — tanto em relação ao produto ou serviço, quanto ao posicionamento da loja no mercado. Por isso, no artigo de hoje vamos falar sobre algo que vem despertando o interesse dos compradores modernos: a sustentabilidade.
Explicaremos por que é cada dia mais necessário buscar soluções para um e-commerce sustentável, além de te dar algumas dicas práticas de como ajudar o planeta! Confira!
Conteúdos do Post
O que é sustentabilidade?
A ideia de sustentabilidade tem sido amplamente discutida nas últimas décadas. De modo resumido, ela se preocupa com o uso que fazemos dos recursos naturais, uma vez que sua capacidade de regeneração na natureza não é infinita.
Sabemos hoje que o consumo desenfreado de uma geração pode (e provavelmente irá) comprometer esta possibilidade para as que ainda estão por vir. Neste sentido, cabe a cada um de nós encontrar alternativas para minimizar o desgaste provocado e assegurar a qualidade de vida para as futuras gerações.
A missão se torna ainda mais ampla quando consideramos o chamado desenvolvimento sustentável. No fim de 2015, a ONU apresentou ao mundo a Agenda 2030. Este documento contém 17 objetivos globais (descritos no vídeo abaixo) para proteger o meio ambiente, erradicar a pobreza e alcançar a prosperidade e bem-estar da população ao longo dos próximos 15 anos.
Fonte: TV UFMG
Por mais ambiciosa que possa parecer, a Agenda 2030 evidencia uma verdade inconveniente para muitos: a forma como consumimos atualmente não pode ser mantida a longo prazo.
Todas as esferas da sociedade estão conectadas. Mas e como exatamente a sua loja virtual se encaixa em tudo isso?
O que é um e-commerce sustentável?
Para ter um e-commerce sustentável, é necessário incorporar práticas “saudáveis” do ponto de vista ambiental. A responsabilidade no uso de materiais, controle da poluição e desmatamento são algumas das questões pertinentes, de acordo com o segmento do negócio.
Conheça a história de sucesso da Stoned, uma loja de camisetas estampadas comprometida com a sustentabilidade.
Enquanto gestor de uma loja virtual, o primeiro passo para um e-commerce sustentável é medir o impacto que o seu negócio causa ao planeta. A partir daí, é possível pensar em estratégias de trabalho que não poluam a natureza ou que contribuam para uma maior consciência sobre o meio ambiente.
Como vimos acima, a sustentabilidade está ligada a outros objetivos do desenvolvimento sustentável, como ações sociais, educacionais, diversidade e inclusão. Para fins de simplificação, iremos nos deter apenas na sustentabilidade ambiental, mas você pode ler mais sobre os outros objetivos clicando aqui.
Por que a minha loja virtual deve ser sustentável?
Você pode ter algumas dúvidas quanto à importância da sustentabilidade, mas saiba que, para muitos clientes, ela já é um fator decisivo na hora da compra.
Uma pesquisa realizada em 2018, pela Nielsen, havia apontado que 1/3 da população já declarava que o meio ambiente estava entre as suas três maiores preocupações, ao lado de educação e segurança. Segundo levantamento da Accenture, 64% dos consumidores estão mais atentos a reduzir o desperdício de alimentos e 45% já estão fazendo escolhas mais sustentáveis.
No ano passado, a Nielsen também divulgou o estudo “Estilos de Vida 2019”, sobre as preferências dos brasileiros. Segundo ele, 42% dos consumidores estavam mudando seus hábitos de consumo para reduzir o impacto no meio ambiente, e 30% estavam atentos aos ingredientes que compõem os produtos.
Ainda em 2019, o Mercado Livre lançou uma seção inteiramente dedicada aos produtos sustentáveis em diversos países da América Latina.
“Para além do compromisso corporativo de ser mais sustentável em sua operação, o Mercado Livre viu no nicho uma oportunidade de negócio. Boa parte dos itens dessa categoria tem uma frequência de compra elevada, como os alimentos orgânicos. Assim como outros varejistas online, o Mercado Livre tem buscado aumentar a periodicidade com que os clientes visitam o seu site, que hoje é de uma vez por mês, em média, para uma vez por semana”
— Denyse Godoy, em artigo da Exame.
Dicas de sustentabilidade para o e-commerce
1. Comece pelo básico
Grandes transformações começam com pequenos gestos. Para dar o pontapé inicial, analise o seu negócio de forma crítica, questionando os processos que estão a sua vista. Algumas perguntas importantes:
- As lâmpadas do seu escritório ficam ligadas sem necessidade?
- Qual a quantidade de lixo que a sua empresa gera? Como ele é descartado?
- Você utiliza muito papel?
- Costuma reaproveitar materiais descartados?
- Sua equipe está familiarizada com o conceito de sustentabilidade?
- O que você tem feito para diminuir o impacto causado na utilização de recursos, embalagens e energia?
Faça um checklist de tudo e busque se informar sobre como fazer mudanças simples, porém significativas. O investimento pode se transformar em economia, e isto irá motivá-lo a continuar aperfeiçoando os processos.
No dia a dia do e-commerce, é necessário imprimir alguns documentos, como PLP, DANFE, etiquetas dos Correios ou transportadora. Para reduzir custos e ganhar agilidade, muitos lojistas utilizam uma impressora térmica além das tradicionais jato de tinta / laser. Mesmo o DANFE (Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica) pode ser impresso em uma versão compacta (DANFE Simplificado), evitando o desperdício de tinta e papel.
2. Prefira embalagens recicláveis ou biodegradáveis
Este é um exemplo básico e que faz muita diferença. Trocar as embalagens plásticas dos seus produtos por papel reciclável ou ainda outro material biodegradável é uma ótima aposta. Pense ainda se é possível reutilizar embalagens ou reduzi-las. Outra opção é utilizar jornal, no caso de produtos frágeis que precisem ser protegidos para o envio.
Caso produza um ou mais itens, verifique a procedência dos componentes e avalie a possibilidade de utilizar materiais reciclados ou de baixo impacto. Considere também o ciclo de vida do produto e como o seu eventual descarte será realizado pelo usuário.
No site Embalagem Sustentável você encontra diversos exemplos inovadores que podem servir de inspiração para o seu e-commerce.
3. Planeje o transporte e a entrega
É importante ressaltar que o e-commerce já nasce com algumas vantagens no contexto da sustentabilidade. Via de regra, os gastos em água e energia elétrica são menores por conta de uma infraestrutura relativamente enxuta. Por outro lado, uma logística mal planejada pode significar rotas não otimizadas, gastos excessivos com combustível e, consequentemente, poluição desnecessária.
Ter um plano eficiente de logística é bom para o seu bolso e para o meio ambiente. Isso porque, ao organizar e aplicar ferramentas de gestão no transporte e estoque, você reduzirá ao máximo os desperdícios. Uma dica é oferecer opção de retirada no local onde sua empresa armazena o estoque. Isso pode agradar o cliente por não necessitar pagar o frete e te fará economizar com transporte.
— Blog Eureciclo.
4. Compense o que não pode mudar
Se o seu gasto com energia, água, embalagens não puder ser diminuído no momento, procure compensar a natureza. Promova ações com seus funcionários, plante mudas de árvores nativas na cidade onde opera… Use a criatividade!
Você também pode apoiar causas e instituições reconhecidas, somando esforços, recursos e a sua visibilidade.
A Ribon é uma socialtech brasileira dedicada a ajudar ONGs e projetos sociais. Seu objetivo é promover a caridade e aumentar a visibilidade de iniciativas de cunho social. As doações não possuem custo para os usuários, que utilizam a moeda virtual “ribon” no aplicativo de mesmo nome. Dentre as marcas apoiadoras estão VISA, Malwee e Bancorbrás.
5. Comunique o que está fazendo
Se você adotou (ou está adotando) medidas ecologicamente corretas na loja virtual, por que não comunicar aos clientes? Afinal de contas, ser uma marca que se preocupa com o meio ambiente tem suas vantagens.
Conheça as ações de desenvolvimento sustentável promovidas pelos produtos da Unilever no Brasil.
Utilize seu marketing para demonstrar o engajamento da empresa e conscientizar outras pessoas sobre os benefícios do e-commerce sustentável! Você pode falar sobre as iniciativas em um blog, eventos, lives e qualquer espaço relacionado ao tema.
“Quando medidas são pensadas em conexão com o meio ambiente, com a diminuição de resíduos, de gastos e evitando vários problemas que medidas comuns causam, a empresa ganha bem mais credibilidade com os clientes e melhora a imagem da sua marca”
— André de Angelo, em artigo do E-commerce Brasil.
Mas muita atenção neste ponto: certifique-se de que todas as ações divulgadas possam ser, de fato, comprovadas. Os relatórios de sustentabilidade são uma forma de as empresas sustentáveis documentarem suas atividades e o impacto alcançado. Estas informações são úteis para funcionários, investidores e a própria comunidade, pois atestam o comprometimento da marca com algo maior do que as vendas.
Veja o exemplo de infográfico divulgado pela Coca-Cola em 2016.
E então, tem ideias interessantes sobre como reduzir o impacto ambiental em sua operação? Tem alguma experiência com e-commerce sustentável? Compartilhe com a gente nos comentários!
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